Pessoalmente, não tenho uma relação muito boa com frases do tipo “você só precisa pensar positivo”, ou “você precisa estar positivo o tempo todo pra atrair coisas boas” e qualquer filosofia desse mesmo gênero.
Apesar disso, me considero uma pessoa muito positiva: eu acordo sempre agradecendo pela vida, bebo meu café com alegria, encaro meus afazeres com entusiasmo (ou adapto eles ao meu nível de disposição) e basicamente me sinto, a maior parte do tempo, muito bem mesmo.
Não acredito que minha vida seja melhor do que a de ninguém, e não tem nada de extraordinário nela. Inclusive, eu ainda enfrento vários desafios em diferentes áreas da minha vida.
Mas tem algo — e digo isso mesmo sabendo que corro o risco de parecer meio presunçosa — que eu sei que eu faço diferente da maioria das pessoas.
Eu não me forço a pensar positivo. Ao invés disso, eu penso de maneira produtiva.
Os nossos pensamentos criam a nossa experiência da realidade
Muitas coisas trabalham juntas para criar a realidade em si: a natureza, as estruturas sociais, religiosas, políticas e culturais, as pessoas e suas respectivas percepções etc.
Não somos os criadores da realidade, mas co-criamos a nossa experiência individual dela através da maneira como pensamos, sentimos e nos comportamos.
Na minha opinião, os pensamentos não são o único fator e nem o fator mais importante, mas são um dos fatores essenciais, com certeza. E já que estamos falando sobre pensar produtivamente, é nisso que vamos focar hoje.
Neste episódio, eu explico detalhadamente a maneira como compreendo a co-criação da realidade, e acho que vale a pena escutar antes de continuar a leitura.
O problema do pensamento positivo
A verdade é que pensar positivo nos faz bastante bem e, com certeza, é mais saudável e simplesmente melhor do que ter uma mentalidade negativa sobre tudo o tempo todo.
Meu problema não é, necessariamente, com o “pensar positivo”, mas com a forma como o pensamento positivo forçadoafeta as nossas emoções.
Não acredito que devamos ignorar a maneira como estamos nos sentindo a fim de preservar uma mentalidade positiva; ao contrário, advogo em favor de tratarmos nossas emoções e pensamentos de forma homogênea, afinal ambos são partes integrantes do todo que experienciamos na realidade.
Quando passamos por cima de uma emoção para manter a mente positiva, estamos agindo de modo contraproducente: para termos uma experiência satisfatória de vida, precisamos atender nossas necessidades emocionais, do contrário, tudo será frustrante.
Também, nossas emoções (mesmo as desconfortáveis) estão sempre trabalhando em nosso favor — diferente dos nossos pensamentos, que muitas vezes resultam de um sistema de crenças proveniente de traumas.
Imagine que você estivesse sentindo tristeza, e essa tristeza gerasse um enorme desconforto no seu peito e te desmotivasse a seguir com o seu dia. Nesse cenário, se você escolher simplesmente pensar positivamente, você pode, por exemplo, escolher pensar “eu estou bem, tudo está bem”. A reação emocional que o seu corpo iria gerar seria algo parecido com uma distração: você para de reproduzir pensamentos que sustentam a tristeza e passa a reproduzir pensamentos que sustentam o bem-estar.
Logo, você estará, de fato, se sentindo melhor.
No entanto, aquela emoção (a tristeza) não foi propriamente processada, e isso significa que ela continua no seu sistema nervoso ou em algum outro lugar no seu subconsciente.
Quando digo que nossas emoções estão sempre atuando em nosso favor, me refiro justamente a isso. Essa tristeza hipotética que você sentia faz parte de uma série de experiências vividas que resultam num sentimento; esse sentimento precisa ser acolhido e sentido — é assim que aprendemos e crescemos.
Ao longo da infância é a emoção que abre o caminho à cognição, a lenta emergência da conscientização de si ou o sentimento de si (em termos psicomotores, é sinônimo de noção do corpo ou de somatognosia18,40,41,50,51,73) na criança faz emergir a sua cognição, ou seja, as funções cognitivas superiores das aprendizagens humanas mais complexas, que se vão construindo e reconstruindo face à dinâmica das suas reações comportamentais emocionais e afetivas, evoluem a partir da integridade antecipatória das funções emocionais. - Vitor da Fonseca
Quando pensamos positivo, nem sempre estamos processando as emoções de forma saudável.
É fundamental aceitar as coisas como elas são: tristes, difíceis, desconfortáveis, enfurecedoras… e não utilizar uma mentalidade como mecanismo para escapar da realidade, mas utilizar os pensamentos para lidar com ela de modo deliberado e satisfatório.
O pensamento produtivo
E é aí que entra o pensamento produtivo.
Pra dizer a verdade, ainda estou num dilema em relação ao termo “produtivo”, porque apesar de sentir que ele traduz a essência dessa minha teoria, muito antes de mim, Max Wertheimer já havia entitulado sua própria teoria de “pensamento produtivo”, e ela é um tanto diferente dessa que lhes estou apresentando.
Para Wertheimer, na obra "Pensamento Produtivo" de 1945, existe uma distinção entre o Pensamento Produtivo, que seria o produto de uma nova ideia, descoberta ou percepção e Pensamento Reprodutivo, que funcionaria como repetição, condicionamento ou um hábito.
Minha teoria é a de que um pensamento produtivo é estruturado nesse esquema circular:
Diferente do pensar positivo, a estruturação de um pensamento produtivo nos permite utilizar a mentalidade como fator de produtividade emocional. Em outras palavras, não precisamos suprimir nossas emoções para pensar produtivamente; ao invés disso, podemos utilizar nosso pensamento para processar as emoções, produzindo um resultado coerente através das nossas ações.
PENSAMENTO PRODUTIVO:
observar → reconhecer, aceitar e validar necessidades → atender necessidades através de ações
Veja um exemplo:
Afirmações produtivas como recurso de reprogramação mental
Pensar de maneira produtiva exige que nos habituemos com essa estrutura mental.
Por isso, criei áudios com afirmações produtivas, que você pode ouvir diariamente para internalizar essa maneira de pensar de forma natural, orgânica e sem esforço.
SOBRE AS AFIRMAÇÕES PRODUTIVAS:
Nossa realidade acontece de acordo com as informações, sentimentos, pensamentos e ações que internalizamos no nosso sistema de crenças. para experimentarmos uma realidade melhor — mais saudável, mais tranquila, mais fácil, leve e mais abundante em todos os sentidos, precisamos construir crenças que suportem essa realidade.
E porque somos seres energéticos e atraímos aquilo que vibra na mesma frequência que nossos sentimentos — o coração é o centro magnético do nosso — para experimentar os resultados que desejamos e construir a vida que queremos, podemos utilizar afirmações produtivas para gerar sentimentos mais elevados em vibração e, então, atrair boas pessoas, experiências e coisas.
O processo de co-criação começa no pensamento: criamos uma ideia, um desejo, ou mesmo um medo e, geralmente, temos uma reação emocional aos nossos pensamentos. Ao internalizar o sentimento gerado através do pensamento, e especialmente se sesse processo se repete muitas vezes ou acontece de uma forma muito marcante, integramos o sentimento e o pensamento como uma crença. A partir daí, percebemos a manifestação física — material ou comportamental — dessa crença em nossa realidade.
As afirmações produtivas têm por objetivo te ajudar a integrar crenças que se materializam, na sua realidade, em forma de mais abundância, saúde, autoestima, bem estar, afeto, acolhimento e amor.
Recomendo ouvir essas afirmações e repeti-las mentalmente com uma frequência diária ou semanal por, pelo menos, três meses. Ajuste essa prática à sua rotina e àquilo que for confortável pra você.
Eu estou muito feliz por você ter chegado até aqui! Obrigada por ler. Sinta-se livre para compartilhar seus pensamentos, opiniões e feedback comigo e com outros leitores.
Lembre-se de utilizar uma linguagem respeitosa para que possamos criar uma atmosfera agradável para todos.
Até logo! <3