como chutar o balde e ir atrás do que você quer
ilustrando a carta do carro e falando sobre buscar nossos sonhos.
lembra que no episódio 6 eu falei que demorei 26 anos pra ir atrás do meu sonho? bom, eu to oficialmente realizando ele. cá estou com as primeiras cópias vendidas do meu livro de HQs, Luz no fim do Túnel.
em comemoração aos meus e incentivo aos teus sonhos, o episódio de hoje é sobre o carro, arcano número 7 do tarot, que fala sobre criar o nosso caminho individual e manifestar os nossos desejos.
sobre a manifestação, especificamente, vou fazer um (talvez mais de um) episódio específico pra abordar o assunto com responsabilidade e clareza, mas por hoje, vamos entender essa palavra “manifestação” como a nossa capacidade de transformar nossas circunstâncias em circunstâncias melhores.
então se aconchega aí, respira fundo, toma fôlego, que hoje a gente vai começar o episódio no fundo do mar.
a teoria da evolução das espécies de darwin e o tarot têm um ponto comum bem interessante: ambos referem a origem de nossas vidas ao mar.
a teoria de darwin, proposta em "a origem das espécies" (em 1859), explica a evolução das espécies por meio da seleção natural, onde organismos com características vantajosas têm maior chance de sobreviver e se reproduzir, transmitindo esses traços às gerações futuras.
Darwin sugere que a saída do mar para a terra ocorreu por mutações aleatórias e seleção natural, favorecendo organismos que exploraram novos ambientes ao longo de milhões de anos.
já o tarot, cujas origens registradas datam por volta de 1400 (apesar de alguns clamores de que suas origens são, na verdade, egípcias e ainda mais antigas), entendia que o mar seria a representação visual do inconsciente humano, das emoções, e teria uma conexão com a figura materna.
a origem da vida humana, nos dois casos, pode ser relacionada ao mar, ainda que de forma folclórica no segundo deles.
a mãe é a primeira relação afetiva que todos nós temos na vida – mesmo para aqueles de nós que não foram criados pela mãe biológica, uma vez que vivemos por 9 meses dentro de seu corpo e compartilhamos de seu estado emocional.
e sendo o nosso primeiro contato com o afeto, a importância da nossa mãe, do nosso mar, permeia todas as nossas experiências posteriores. Lya Luft fala que "a infância é um chão que pisamos a vida inteira”.
e assim é o mar para o tarot. ele é o símbolo das nossas origens. a maneira como recebemos afeto no cerne familiar, as crenças que foram compartilhadas com a gente, os medos, os traumas, mas também os aprendizados e os incentivos, formam parte do que somos.
uma parte importante e indesviável.
não há como mudar o passado, mas há como escolher o futuro. e sim, há como escolher.
o carro, associado ao signo de câncer, que justamente representa a mãe, a lua, o mar, representa o momento em que decidimos evoluir: essa carta expressa a saída do mar para a terra, o movimento de desprender-se das nossas origens para trilhar caminhos ainda desconhecidos pelos nossos familiares.
o número 7 não por acaso carrega o significado do autoaperfeiçoamento, insinuando que, pra mudar padrões de pensamento, crenças e comportamentos conhecidos, é preciso se afastar deles, pra enxergá-los, à distância, com mais clareza.
em alguns baralhos, o indivíduo ilustrado nesse arcano segura uma varinha de condão, que representa sua própria capacidade de criar um futuro melhor. decidi desenhar o Joca, o coelhinho das minhas histórias em quadrinhos, segurando o volante de um carro, embutindo nessa imagem o mesmo significado: nós conseguimos seguir novas direções, desde que a gente assuma o controle pela nossa própria vida.
no tarot de marselha, um baralho com o qual, confesso, não tenho muita familiariedade, o carro tem as duas rodas dianteiras atravessadas para os lados, como se estivessem travadas. a mensagem aqui é clara: você precisa se dar permissão pra seguir em frente. precisa se autorizar a viver o teu próprio caminho.
não adianta esperar o aval de uma mãe, um pai, um coletivo ou um parceiro. se assim for, você vai manter as rodas dianteiras atravessadas, e não importa quanta força faça para sair do lugar, não importa o quanto queira, não vai conseguir.
no meu baralho, o carro está com as rodas todas apontadas para a frente. sou um tanto otimista, e acredito em você. acredito que você se autoriza a construir o teu próprio caminho, sem medo.
acho que passei muito tempo esperando que os outros me permitissem ser uma escritora. eu procurava incessantemente essa autorização, enquanto focava em tudo, menos em escrever.
eu dizia “quando tal coisa estiver conquistada, aí eu vou escrever”.
a autorização nunca veio.
um dia, conversando com uma astróloga, taróloga e amiga, a Pascale, ela me disse: “você é quem tem que se autorizar. tua mãe não vai te autorizar, teu pai não vai te autorizar, ninguém vai te autorizar. essa é a tua vida, não deles. é você quem tem que dizer ‘é isso que eu quero’ e ponto.”
a carta de tarot que ela tava segurando em mãos na hora em que me falou isso? o carro.
a gente fica esperando o momento certo, o aval dos outros, o apoio dos outros e também ficamos esperando algo acontecer, tipo uma confirmação, como se o universo fosse nos dizer “vai lá, filha, pode ir fazer o que você quer”, mas o que aprendi quando finalmente embarquei no carro e comecei a dirigir por essa estrada desconhecida é que essa espera é tempo.
e o tempo é a única coisa que não dá pra comprar de volta.
mais do que isso, quando ficamos passivamente aguardando que as coisas que queremos nos encontrem, não estamos nos alinhando com essas coisas.
acredito que tudo na vida é uma grande troca. se eu quero uma oportunidade de ser vista, eu preciso aparecer. no mínimo.
se quero que alguém me ame, preciso estar disposta a amar.
se quero que alguém me aceite, preciso também aceitar.
e antes de tudo isso, acho, preciso me ver, me amar e me aceitar.
tá tudo bem viajar alguns trechos sozinho, tem lugares pelos quais as outras pessoas não vão querer passar, e faz sentido. esse é o nosso caminho, não o deles.
a questão é que, quanto mais você se permite ser o que quer ser, fazer o que quer fazer, experienciar o que quer experienciar, mais alinhado você vai estar com as pessoas, as coisas e as experiências que você diz que quer.
quando comecei a escrever essas HQs, eu não tinha um plano pra elas. comecei por puro entusiasmo.
desde criança sempre amei tirinhas e gibis, tanto os clássicos brasileiros como a turma da mônica, o menino maluquinho até os clássicos um pouquinho mais distantes, especialmente a mafalda e calvin e haroldo.
fiz várias tirinhas amadoras durante o ensino fundamental: meus maiores sucessos foram “camila camomila” – uma menina feita de chá, que acalmava seus amigos – e bibonha – uma menina (nesse caso, eu mesma) que estava descobrindo como ser adolescente.
e eu sabia que, em algum momento, eu iria começar a escrever as minhas hqs (profissionalmente). só que, como muitos de nós, estive adiando esse começo para um momento em que eu saberia desenhar melhor, um momento em que eu tivesse mais tempo, um momento que não existe.
então comecei.
em fevereiro de 2025 postei minha primeira HQ, e em junho do mesmo ano, to lançando o meu primeiro livro. o entusiasmo foi uma baita ferramenta nesse processo, porque basicamente, depois que comecei, não consegui mais parar de fazer tirinhas.
mas antes disso, aos 26 anos, eu já tinha decidido que queria fazer isso. levou 3 anos pra eu encontrar essa forma de me expressar. fiquei 3 anos dirigindo por ruas que não estavam me levando pra onde eu queria realmente ir. mas não foram 3 anos perdidos, muito pelo contrário, foram 3 anos de me experimentar no volante, no controle da minha vida.
mas e você, pra onde tá querendo ir?
espero que esse episódio seja um incentivo positivo e na direção certa pra você.
você pode comprar o meu livro de HQs pelo meu site e também pela amazon.
te vejo no próximo EP.
tcha-au!
Oie Bibiana! Adoro (secretamente) teu conteúdo ✨
1. onde consigo comprar esse livro/HQ?
2. qual mic você usaaa?